sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Música nova - "Deixo A Porta Aberta Pra Você Entrar"

Alô alô, pessoal!
 
Ando um pouco sumido do blog, pois estou produzindo um extenso material de heavy metal abarcando desde os primórdios da minha trajetória musical até os dias atuais. No entanto, já está na fase final, e pretendo retomar as postagens mais regulares. Acredito que na próxima semana esse material já estará no ar.
 
Por estar envolvido nesta produção e em outros compromissos, acabei ficando em débito comigo mesmo e com meu chapa Rodrigo Borges. É que, conforme eu disse nas postagens referentes ao ARTPAM, no qual nos apresentamos juntos em setembro deste ano, nós compusemos uma música em parceria na oportunidade, e fiquei de gravar uma versão para publicar aqui. Eis que, finalmente, está aqui!
 
Passei o dia envolvido com gravações, e resolvi tirar ela da gaveta e colocar no meio da metaleira toda em que eu estava mexendo. Tem horas que, como diria o Luxa, a gente "tem que sujar o bumbum na grama". E hoje posso afirmar que foi um dia bastante produtivo! Então, confira o resultado da nossa (primeira) parceria.
 
Abraço!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

EP Virtual - "Música Crônica"

Alô alô, pessoal!
 
Apresento a vocês um conjunto de cinco novas músicas que compus, inspiradas na leitura do livro "Amor & Amargor - Crônicas Agridoces", de Ricardo Otávio Costa. O livro traz 42 crônicas acerca de temas do cotidiano, trazendo a visão do autor perante as alegrias, tristezas, angústias, reflexões, a que somos submetidos  no dia-dia, nas relações humanas, afetivas, existenciais.
 
Amante da literatura e amigo do autor, fui instigado a ler o livro, e acabei como grande fã. Além de me identificar com sua forma de escrever, também me identifiquei muito com a visão do autor acerca dos temas abordados; vários dos quais já tinham habitado meu universo reflexivo. E essa identificação gerou uma fagulha de inspiração, que me fez querer me manifestar a respeito, em forma de música.
 
Daí, veio a ideia da "Música Crônica"; um conjunto de músicas curtas, diretas, objetivas, e pessoais, como uma crônica. Situações apresentadas no livro foram transformadas em música, gerando um diálogo transcultural entre a literatura e a música, sem que haja uma dependência entre um e outro; a audição da música independe da leitura do livro, apesar de ser altamente aconselhável que o faça.
 
Mesmo sendo algo óbvio, ressalto que as músicas foram inspiradas por crônicas do livro. Não se trata de um trabalho de sonorização daquilo que lá está. Pelo contrário. Me valho de temas apresentados para dar o meu próprio enfoque nas questões, que pode ou não dialogar com a visão e abordagem do autor, daí gerando o diálogo entre as artes, e não apenas uma reverberação das ideias escritas.
 
Quanto ao livro, ele é facilmente encontrado em livrarias virtuais. Então, não perca tempo e adquira o seu exemplar. Após adquirir, confira as referências abaixo:
 
Música 1: "Espelho" - Crônica: "Três homens, três vozes"
Música 2: "1+1=1" - Crônica: "Um dia qualquer"
Música 3: "A Culpa É De Quem?" - Crônica: "Crime comum"
Música 4: "Nanossegundo" - Crônica: "A dor do irretratável"
Música 5: "Ato Final" - Crônica: "Lenitivo: oração dos desvalidos"
 
Abaixo, você pode conferir a obra em conjunto. Após, separei faixa por faixa, para facilitar uma posterior nova audição.

"Música Crônica"


1 - "Espelho"


2 - "1+1=1"


3 - "A Culpa É De Quem?"


4 - "Nanossegundo"


5 - "Ato Final"


É isso! Procure o livro, seja na livraria física ou virtual, leia, ouça as músicas, e faça a sua própria reflexão. Quem sabe você não dá sequência à brincadeira à sua própria maneira?
 
Saudações!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Trilhas para vídeos do Projeto "Inventar com a Diferença - Cinema e Direitos Humanos"

Alô alô, pessoal!

A convite da professora mediadora Marília Sousa, criei trilhas sonoras para dois vídeos do Projeto "Inventar com a Diferença - Cinema e Direitos Humanos". O projeto, de âmbito nacional, visa, por meio da atuação do mediador regional, a realização de trabalhos audiovisuais por alunos da rede pública de ensino.

O projeto tem como temas centrais o cinema e os direitos humanos. Assim, os alunos participantes não só têm contato com o cinema, como participam da criação dos vídeos. Muitos tiveram pela primeira vez a possibilidade de manusear uma câmera. É uma atividade de inclusão social, que estimula a criatividade, que abre novos horizontes a gente carente de possibilidades. Permite, também, que eles contem com seus próprios olhos a sua história, a sua realidade, a sua forma de ver o mundo.

Estes são os filmes para os quais criei trilhas sonoras:



Se quiser saber mais sobre o projeto, entre no site oficial. Lá, você encontrará toda informação a respeito, e também, todos os vídeos produzidos. É só clicar aqui.
 
Parabenizo todos os envolvidos no projeto. Afinal de contas, é chover no molhado, mas a educação é a solução para todos os nossos problemas. Muito obrigado a minha querida Marília Sousa pelo convite para poder contribuir um pouquinho nessa iniciativa tão bacana!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ARTPAM - Minha participação

Alô alô, pessoal!
 
No último final de semana, tivemos mais dois dias de ARTPAM. O evento foi maravilhoso, e estou certo de que já faz parte da história das artes em Belo Horizonte.
 
No sábado, fiz minha apresentação ao lado do Rodrigo Borges, como havia anunciado aqui. Foi espetacular! O cara é fera mesmo. A plateia, recorde de público do evento, colaborou bastante, pois o clima foi de total envolvimento. Acabou que o show não foi nosso; foi feito por cada uma daquelas pessoas que ali estavam. Fiquei muito emocionado por participar de algo tão bacana e positivo. O show foi, sem dúvida, um dos pontos altos da minha trajetória, pois, auto crítico como sou, é difícil sair do palco tão satisfeito com o que ocorreu como saí no sábado. Fora que a oportunidade nos fez escrever uma música nova em parceria, que foi apresentada ao público.
 
Aqui, segue um pouco do que a gente fez:


Já no domingo, não havia nada planejado para apresentação musical. Porém, embalado pelo sucesso do dia anterior, resolvi dar uma canja sozinho para o público presente. E de repente, aparece o grande Mestre Toninho Horta, que agraciou o público com sua apresentação, acompanhado do guitarrista Marquinho Garcia. Foi a cereja do bolo, para encerrar com chave de ouro o que foi preparado com tanto carinho e competência pela produção.


Aqui, um pouquinho da minha canja de domingo:


Gostaria de agradecer e parabenizar a todos os envolvidos na concepção, produção, organização, realização, da primeira edição do ARTPAM. Nina e Fernando Pacheco, Lucas Guimaraens, Ewerton Ribeiro, Leo Camisão, Pedro Paulo Cava, os fantásticos atores Ana Gusmão e Luiz Gomide, a galera dos bastidores, Chacal, Inês, Artur, Pernambuco, João que preparou os comes e bebes, Marco Túlio do som, Noir Filmes, que registrou tudo... ou seja, gostaria de agradecer à galera toda. Se esqueci alguém, foi mal. Sinta-se agradecido também!
 
Que venha o próximo!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Mais ARTPAM - Rodrigo Borges

Alô alô, pessoal!

Amanhã, dia 13/09, é o dia da minha apresentação no evento multicultural ARTPAM, que ocorre aqui em Belo Horizonte/MG. E dividirei o palco com um dos maiores talentos da nova geração da música mineira, Rodrigo Borges. Para mim, será um grande prazer e uma grande honra, pelo parceiro e pelo evento, que está maravilhoso - o primeiro final de semana foi sucesso total!

 
Se quiser conferir nossa apresentação de perto, faça sua reserva no site oficial: ARTPAM.

E para fazer o devido aquecimento para a apresentação de amanhã, escrevo hoje sobre meu parceiro de palco, Rodrigo Borges.

Dono de grande talento como musicista, cantor e compositor, Rodrigo Borges tem em seu próprio nome uma pista de onde tudo isso veio. Herdeiro do talento da família Borges, é filho de Marilton Borges, consequentemente sobrinho de Lô, Márcio e Telo Borges. A música se apresentou  inexoravelmente como o caminho, tendo crescido em meio à efervescência musical da família, absorvendo toda essa harmonia sonora e a essência do Clube da Esquina.

Mas sua música não se resume a uma continuação do Clube. Em seu primeiro disco lançado, "Qualquer Palavra", ele dá um cartão de visitas altamente eclético ao público, trazendo influências não só da música essencialmente mineira, mas também do pop, do jazz, da bossa, do samba.

Recentemente, Rodrigo esteve entre os finalistas do Festival Nacional da Canção, com a faixa de abertura e que dá título ao seu primeiro álbum, "Qualquer Palavra". A faixa, que já ganhou as rádios de BH e do Rio, tem participação especial do Mestre, do Gênio, Lenine, com quem, inclusive, Rodrigo já teve a oportunidade de dividir o palco. Quer conferir a canção, parceria de Rodrigo Borges e Tatta Spalla? Então aperta o play:


Outro Gênio que dá o ar da graça no álbum é Lô Borges, na faixa "Deixa Tudo Ser". Confira comigo no play:


Em busca de voos ainda mais altos, Rodrigo Borges já traça o planejamento do seu próximo trabalho de estúdio, que é uma garantia de que teremos mais música de qualidade em breve. Aliás, para quem vive antenado, música de qualidade nunca falta. Quem acompanha o blog, sabe. ;)
 
Se você quiser ver essas músicas ao vivo, além de outras do Rodrigo, algumas minhas, algumas releituras pontuais, e até alguma coisa inédita, em um show intimista, dois violões de aço e duas vozes apenas... já falei: faça a sua reserva para o ARTPAM (clique aqui). Lembrando que domingo será o último dia do evento, cujas reservas também estão abertas.
 
Espero todos lá!
 
Abraço!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ARTPAM 2014

Alô alô, pessoal!
 
Nos dias 6, 7, 13 e 14 de setembro, ocorrerá a primeira edição do ARTPAM, evento multi-artístico idealizado pelo artista plástico Fernando Pacheco. Além de exposição do artista, haverá performance teatral, exibição de vídeo, apresentações musicais, instalações... Esta primeira edição será conceitual, em homenagem à obra do grande escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós.
 
A programação completa pode ser conferida no site oficial do evento: ARTPAM.  Lá, você também poderá fazer a sua reserva para participar. A reserva é gratuita e imprescindível. Sem o nome na lista da portaria, não há meio de ingressar no Centro de Arte Fernando Pacheco, local da realização do evento.
 
Quanto à parte musical, no dia 6 haverá apresentação de Tavinho Moura;

 
7, Juarez Moreira (site oficial);
 
 
e 13, eu, Eduardo Ladeira, em parceria com Rodrigo Borges. Farei um post mais detalhado sobre a minha participação em parceria com esse grande talento jovem da música mineira.

Não deixe de fazer a sua reserva! Será uma grande e gratuita oportunidade de estar em contato com tanta gente bacana do universo artístico mineiro, além de conhecer o atelier do artista plástico Fernando Pacheco.
 
Aguardo vocês!

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Zé da Guiomar na Virada Cultural

Alô alô, pessoal!
 
Neste final de semana que está por vir, teremos em BH a 2ª edição da Virada Cultural. Muita gente boa ficou de fora, mas muita gente bacana está dentro. Então, foquemos nesses. Dentre os que figuram na agenda do evento, está a banda de samba Zé da Guiomar, pela qual tenho grande carinho, já que meu padrinho Totove Ladeira é o comandante da percussão. Camarada da melhor qualidade.
 
A banda,  que se transformou em destaque no cenário do samba de BH ao longo dos seus 14 anos de estrada, mescla em suas apresentações músicas autorais dos seus três álbuns lançados ("Zé da Guiomar", de 2005, "O Samba Tá", de 2008, e "Samba Feiticeiro", de 2012), com clássicos do samba e da bossa. E é essa mistura que o público poderá conferir no domingo, dia 31/8, às 15h30, na Praça Sete, Belo Horizonte. A entrada é franca.
 
Na edição passada, a banda também se apresentou. Olha que beleza eles aí no palco:


Se quiser conhecer o premiado e aclamado trabalho da banda, ouvir as músicas dos discos para chegar lá com elas afiadas para cantar junto, e/ou entrar em contato com o pessoal, clique aqui. Eu não sei a sua, mas a minha cerveja já está gelando para domingo!
 
Fica mais uma dica para a rapaziada que gosta da música mineira.
 
Fui!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Música nova - "Palavra Não Volta"

Alô alô, pessoal!
 
A música de hoje encerra a minha terceira década de vida. É que sábado, completo meus 30 anos de idade. E foi uma boa canção para o encerramento desse ciclo, pois ela revela muito sobre minhas influências. O início, um misto de MPB, pop rock, e progressivo. O meio, rock, agressivo. O fim, heavy metal, uma coisa meio Iron Maiden.
 
Enfim, assim como meus anos não voltam, "Palavra Não Volta". Que elas continuem se transformando em letras de música por muitos anos. É o que desejo a mim mesmo.
 
Aproveito para agradecer a você que frequenta este espaço dedicado à música e às artes. O que busco aqui, além da existência de uma fonte na qual possa estar concentrado o meu trabalho recente, é a divulgação e o fortalecimento do cenário musical de Minas Gerais. Infelizmente, tenho a convicção de que muitos músicos daqui não se preocupam muito com a música além das fronteiras do seus próprios trabalhos, e isso se reflete no momento musical que estamos passando. Mas aí é de cada um. Aqui, todo mundo que faz um trabalho interessante sempre terá vez / voz.
 
Abraço! 
 
 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Participação no Programa "Caleidoscópio" (2013)

Alô alô, pessoal!
 
Sei que estou um pouco ausente do blog, porém, retomo, a partir de hoje, as postagens.
 
Hoje, publico participação minha no programa "Caleidoscópio", da TV Horizonte, de BH, no fim do ano passado. Porém, só hoje tomei ciência da publicação do vídeo no youtube.
 
O programa está completo, então quem quiser ir direto às minhas participações, tem que pinça-las ao longo do vídeo, ok?
 
Grande abraço a todos!

sábado, 31 de maio de 2014

Música nova - "Sem Dó Nenhuma"

Alô alô, pessoal!
 
Prometi quatro músicas novas nessa semana, e cumpro a promessa publicando a última das quatro: "Sem Dó Nenhuma".
 
Como disse anteriormente, essa música foi escrita na época em que eu projetava o terceiro disco da Lobos de Calla, e dessa safra de 2012, era a última que eu ainda faltava gravar. Portanto, passo a régua nessa leva.
 
"Sem Dó Nenhuma" é uma visão do mundo contemporâneo, nos olhos de exemplar de uma espécie que se encontra em proliferação no nosso planeta: o individualista.
 
Aperte o play, e coloque o volume no máximo, sem miséria... sem dó nenhuma!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Música nova: "Bury"

Alô alô, pessoal!
 
Apresento mais uma música: "Bury". É a que fiquei devendo ontem.
 
Como foi escrita na mesma viagem na qual compus "GPS", a regrinha da afinação vale também para esta (veja aqui).
 
Esta música começou a ser composta em 2007. Era apenas o esboço de um verso, com três acordes. Não que tenha aumentado muita coisa, mas a complementei agora, dando traços definitivos. Ela fala da perda de um amigo, e a dedico aos que perdi ao longo do caminho.
 
E a dedico também à gloriosa instituição futebolística Bury F.C., dos arredores de Manchester, com seus integrantes carinhosamente conhecidos como The Shakers.
 
Shake nessa, malandro!


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Música nova - "Vou Estar Estando (Mono)"

Alô alô, pessoal!
 
Aqui vai a segunda da semana, conforme prometido. Na verdade, no último post falei que iria postar hoje uma determinada música, e que essa seria postada na quinta. Eu sei que não faz a menor diferença para você, mas faço a ressalva assim mesmo. A última da praia fica para... amanhã! Enfim.
 
A música de hoje se chama "Vou Estar Estando (Mono)". Você não irá coloca-la para animar a sua festa. Muito provavelmente, não irá ouvi-la fazendo sua caminhada matinal. Não sei nem mesmo se ela pode ser chamada de "música". Acho que peguei algo em formato musical e usei como um saco de pancadas. Uma "sessão descarrego" contra o stress da urbanidade.
 
A ideia veio com os incansáveis telefonemas de telemarketing que recebo. Uma das maiores chatices já inventadas no mundo moderno - e olha que não são poucas, nessa caretice que a gente vive hoje. A era da patrulha do falso moralismo.
 
Mas a partir daí, a ideia acabou se expandindo, e resolvi fazer uma "grita" geral, contra a nossa sociedade 'mono'. Contra esse conjunto de sons monotemáticos e monossilábicos que chamam de música e fazem estrondoso sucesso Brasil afora, retrato de um público desinformado por desinteresse. Contra a ausência de criatividade. Contra a ausência de curiosidade. Ausência de leitura. Contra uma sociedade que espera do topo da pirâmide uma miraculosa mudança de gente imutável, e não quer começar a revolução dentro do seu próprio corpo.
 
O resultado, algo eloquente e absurdo, gritado, esganado, estridente. Alto. Como o nosso mundo. Barulhento. Como um telefonema chato. Então, coloque o fone no volume máximo e brinde comigo à cacofonia!
 
E para tudo e todos que se enquadram no alvo da minha música, só tenho uma última coisa a dizer: eu vou estar desligando.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Música nova - "GPS"

Alô alô, pessoal!
 
Há posts atrás, falei da minha viagem à praia, Saquarema, e que por lá fiz músicas e tive ideias para colocar em prática na volta. Pois então: comecei com a postagem da versão que fiz da música do Lenine, "Mais Além". Mas fiquei devendo as minhas. São duas que foram finalizadas. Outras ideias estão sendo desenvolvidas, mas duas eu terminei por lá mesmo, e posto uma hoje para vocês.
 
Aliás, nessa semana, serão quatro músicas novas! A de hoje e a de amanhã, são as que fiz na praia. Quinta, posto uma que fiz semana passada, e sexta, uma que escrevi em 2012, para o natimorto terceiro álbum da Lobos de Calla.
 
Então, prepara o lombo, que vem muita coisa essa semana!
 
A de hoje, se chama "GPS". Ela resgata em sua sonoridade toda a minha paixão pela música da banda punk de Chicago 'Alkaline Trio', e evidencia o quanto ela me influenciou. Quanto à letra, ela fala basicamente de amor e de ser verdadeiro consigo mesmo; de fazer a coisa certa.
 
Para a galera que toca:
 
Na viagem, levei um violão, mas duas cordas arrebentaram no caminho; coincidentemente, as duas E. Então, com as quatro remanescentes, bolei uma afinação em A aberto, que me permitiu utilizar o instrumento sem maiores prejuízos. Para gravar essa música, mantive a afinação em A aberto, pois foi assim que ela foi feita. Então, se você quiser "tirar" a música com a afinação original, faça da seguinte forma: Corda E - E; Corda A - A; Corda D - E; Corda G - A; Corda B - C#; Corda E - E.
 
Um abraço, e até amanhã!
 
 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Devise - Disco novo, "Lume", e lançamento

Alô alô, pessoal!

Hoje tem postagem dupla. Agora, para que vocês conheçam o belo disco que acaba de sair da banda Devise, intitulado "Lume".

O vocalista e guitarrista, Luís Couto, já havia pintado por aqui, em postagem que fiz para show da sua outra banda, Churrus - clique aqui.

Abaixo, você pode conferir o disco na íntegra, e eu sugiro que o faça. Trata-se de um indie rock de primeira (não sou muito fã dessas classificações não, mas, enfim...). Caso você queira ir direto a alguns pontos, sugiro que ouça "L Song" (a melhor do disco, na minha humilde opinião), "Muros", "Tempo Pra Te Dar", e "Antes do Sol". Se liga:



Quanto ao show de lançamento, será dia 07/06, no Studio Bar, que fica na Rua Guajajras, 842, Centro, Belo Horizonte. A partir das 22hs, você poderá conferir, além do lançamento deste disco, lançamentos também do EP "Novo Dia", da banda Radiotape, e do EP "Amor Vincit", da banda Ous.

 
Então, é isso! Ouça o disco, e compareça ao show.
 
Abraço!

Show Jam Back - Niggaz e adjacências...

Alô alô, pessoal!

Gostaria de convidar vocês a comparecerem ao show da moçada funk fusion da Jam Back - Niggaz, que rolará neste sábado, dia 24/05, ao meio-dia, na Praça Rômulo Paes, que fica na Rua da Bahia, Centro, próxima ao Edifício Maletta, em Belo Horizonte. O som rola até por volta das 15hs. Então, aproveite que é gratuito, leve seu isopor carregado, e deixe a arte tomar conta das ruas de BH!

O quê? Você não conhece o som dessa turma aí? Bem, eu também não conhecia. Então, aperte o play e conheça, que abaixo vamos falar mais a respeito deste projeto, e também de outros projetos dos músicos envolvidos. Tem muita música autoral abaixo!



A Jam Back - Niggaz é formada por Saulo Arcoverde na bateria, Christopher Martinez no baixo, Rafael Salgueiro na guitarra, e Pedro Xavier na percussão. O baixista - multi-instrumentista Christopher Martinez toca comigo no projeto tributo a Radiohead "The Basement". E foi através dele que conheci esse som aí. Curioso, quis saber mais a respeito.

Segundo ele, Saulo e Rafael estavam com uma data para tocarem em Ouro Preto/MG, e chamaram os outros dois para completarem o time, no baixo e na percussão. Ocorre que não havia nada ensaiado, então o show acabou acontecendo como uma grande jam session. Foram quatro horas de música espontânea e improvisada, que causou um impacto muito positivo no público. E a ideia evoluiu para este projeto, permanecendo, porém, a ideia de jam. Nas palavras do Chris, "Cada show é único e sem repetição. E tudo influencia o som feito na hora... Lugar, pessoas envolvidas, público, etc...".

A banda gravou dois discos: um promo, que será distribuído gratuitamente, e outro que se tornará seu primeiro disco, efetivamente. Em breve, será organizado o lançamento desse disco. Mas não pense que será executado ao vivo o que se ouve no fone de ouvido; o espírito jam permanecerá, e as músicas continuarão ganhando nova forma a cada apresentação. Nessa metamorfose sonora, a banda prioriza a liberdade da música de buscar seus próprios caminhos.

Falando um pouco mais sobre a rapaziada, meu parceiro Chris, além de trabalho solo que desenvolve, também contribui em vários outros projetos, como a banda Motivo Condutor (http://www.motivocondutor.com/), e a banda Favela Groove (http://favelagroove.tnb.art.br/).

Aliás, a Favela Groove é uma banda sobre a qual eu pretendo dedicar um post em breve. Não conhecia, e gostei bastante. Da série "tá na agenda". Adiante e entre lá no site (endereço acima) para conferir a música da rapaziada.

Voltando à Jam Back - Niggaz, quanto aos demais integrantes, o baterista Saulo e o guitarrista Rafael tocam em uma banda de rock progressivo chamada Red Felps, que vem fazendo shows legais, incluindo apresentação de destaque no Circo Voador, lendário palco carioca. Se liga no som deles:

 
Então, meu velho, é isso. Se liga na música da rapaziada aí, e continue frequentando o nosso espaço. Estou finalizando as gravações de 3 novas músicas, já quase prontas. Então, novidades virão. Em breve.
 
Fui!

sábado, 10 de maio de 2014

Versão - "Hey Brother / Wake Me Up"

Alô alô, pessoal!
 
Como eu disse no post anterior, voltei da praia com algumas músicas prontas e ideias para novos trabalhos, e pretendo focar nessa bagagem que trouxe. Mas antes, uma pausa para postar uma versão que eu fiz para duas músicas do Avicii. Acabou virando um medley.
 
A ideia surgiu em um ensaio de uma banda nova da qual faço parte, Voltz. No devido momento, falo mais a respeito dela. Ainda está no estúdio, trabalhando repertório. Mas adianto que a ideia inicial não é de música autoral; o enfoque é fazer versões de músicas já gravadas.
 
Naquela troca de sugestões que rola nos ensaios, pintou "Hey Brother", que acabou trazendo junto "Wake Me Up". Para dizer a verdade, eu não conhecia nenhuma delas, mas gostei bastante do mix de música folk com eletrônica delas. Então, sugeri que fizéssemos algo um pouco mais radical: uma versão punk rock dessas músicas. Fiquei a cargo da versão, e nem sei se ela será aceita pela banda. Mas como gostei muito do resultado da gravação que fiz aqui na minha casa, divido com vocês:
 
 

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Versão - "Mais Além", Lenine.

Alô alô, pessoal!
 
Recentemente, estive em viagem a Saquarema, onde passei alguns dias na casa dos meus pais. Foi lá que escrevi "Mariana", que divulguei aqui um tempo atrás. E dessa vez, fomos apenas eu e a homenageada, Mariana. Consequentemente, o sossego, conjugado com a natureza local, propiciaram muita paz à mente e inspiração. Novas ideias. Trouxe muitas na bagagem. Músicas prontas, ideias de músicas... E a ideia de versão para uma música de um disco que rolou bastante no nosso micro system; "Olho de Peixe". A música é a que fecha o disco, "Mais Além", sucesso desse grande gênio da música brasileira, um dos maiores nomes da arte nacional, sem dúvida alguma.
 
Lenine, se um dia tiver conhecimento da versão, sei que o rock não é muito a sua praia, mas espero que goste e sinta-se homenageado, pois é a intenção. :)
 
Abraços, e aguardem novidades! Tem muita carta na manga...

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Música nova - "Primeira Vez"

Alô alô, pessoal!
 
Hoje tenho o prazer de postar aqui a minha primeira parceria com o grande Leonardo Frascoli! A gente já ensaiou essa parceria várias vezes. Tocamos juntos em um show - a foto que ilustra o "vídeo" é desse show -, e quase concretizamos nossa parceria ainda na Lobos de Calla. Mas, eis que, após muitos encontros e desencontros, a colocamos em prática. E essa música em parceria promete ser a primeira de muitas.
 
Tudo começou a partir de uma base harmônica que eu tinha "na gaveta", pois já tinha tentado inúmeras vezes iniciar uma letra, sem sucesso, e de uma poesia maravilhosa do Leo, "Primeira Vez". Mexe aqui, mexe ali... o resultado é este:
 
 

Aquilo que se tem
Nunca é o que se quer
A busca
Muitas vezes desvairada
Por tentar satisfazer
Uma vontade assim qualquer
Que no fim pode até não dar em nada

Mas o que é nada
Para quem tem tudo?
Os sonhos se refazem,
O peito sempre aberto
Na tentativa de buscar
Espasmos de alegria, inconsequência e timidez
Nuances que são únicas
Na perfeição da primeira vez
Na perfeição da primeira vez
Que para o tempo
Faz o mundo despertar

O momento, o segundo, o olhar
Sinto o anseio, o desejo, transbordar
Vidas incompletas
Sonhos distantes
Os rostos se procuram
Corações se confrangem
Na fugacidade de um instante
O primeiro beijo
O amor acontece

Faltam palavras
Não existe razão
Apenas a certeza incerta da paixão
Imprecisa equação

A guarda baixa
As portas ficam escancaradas, abertas
Não há defesa, nem alerta
Apenas a certeza da paixão incerta
Tudo muda no ardor da descoberta

O que é tudo
Pra quem não tem nada?
O encanto, a novidade
Nas coisas simples
A felicidade
Incontida, reprimida há tempos
Preenche os espaços
Na perfeição da primeira vez
Na perfeição da primeira vez
A vida ganha cor
O amor pede passagem

terça-feira, 8 de abril de 2014

Conto - Lifening

Alô alô, pessoal!

Hoje, abro a sessão "Literatura" aqui no blog, pois além de ser uma paixão minha, me aventuro muito nessa área. Escrevo alguns contos, e desde 2012 venho escrevendo o meu primeiro romance, a passos lentos. Mas espero que em breve eu possa finalizá-lo e contar a vocês a história de Zé Bio.

Sempre me senti muito seguro com relação à música. Escrevo minhas canções, gravo, divulgo... o fato de me satisfazer é o bastante. Não tenho medo ou constrangimento com relação ao que os ouvintes irão pensar. Porém, nunca senti a mesma segurança com relação à literatura, pois acho uma linguagem muito mais complexa, e que te permite "errar" menos. A margem de flexibilização da realidade é menor, sei lá, e isso torna a escrita uma aventura bem mais árdua do que a música. Pelo menos para mim. E isso me fez deixar muitos papéis escritos na gaveta. Este conto, Lifening, é o meu quebra gelo. Ele debuta a divulgação dos meus escritos. Eu, sinceramente, espero que gostem.

Quanto ao conto em si, um pequeno "prefácio". Estou sempre ligado em programas, vídeos, textos, tudo sobre aviação. Minha curiosidade mórbida me faz procurar áudio de caixas-pretas, pesquiso explicação para acidentes, todo o tipo de coisa. E quando ocorreu o famoso e trágico acidente da Air France, com a aeronave caindo no Oceano Atlântico, fiquei muito ligado na história. Pesquisei muito sobre o acidente na internet, assisti a muitos vídeos e programas com explicações e os diálogos dos pilotos.

Imagino que a queda de um avião deva ser a situação mais horripilante pela qual uma pessoa possa passar, pela demora até que a hora fatal chegue. E isso ficou na minha cabeça a ponto de sonhar com uma situação parecida. Mas no sonho, havia salvação. E a salvação do sonho é a mesma do conto. O sonho foi recente, e em janeiro comecei a escrever o que está aí abaixo. A infeliz coincidência foi o acidente similar com aeronave da Malaysia Airlines durante o processo. O conto ficou ainda mais vivo para mim.

Para finalizar: 1 - Acrescentei ao longo do conto algumas trilhas sonoras que acredito ajudarem a entrar no clima, incluindo uma que compus em especial para ele. Conheci Berlin durante o decolar de um avião. Foi quando a ouvi pela primeira vez. Foi um voo conturbado, e a sensação daquela experiência contribuiu muito para a escrita deste conto. Não pude deixa-la de fora. 2 - Alguns diálogos estão em inglês. Sorry.

Obrigado pela leitura,


E.L.


Lifening

(Eduardo Ladeira)
  

1 - GLASTO'

(Trilha sugerida: Lifening, Snow Patrol)




O aeroporto de Guarulhos estava apinhado, como de praxe. Mas naquele dia, Olavo nem ligou. Ele esperava ansioso a chamada para o embarque. Viajava sozinho, e seu voo para Londres partiria em breve. De lá, rumaria para o famoso festival de música de Glastonbury, e os planos e a ansiedade pelos dias à frente agitavam sua cabeça.


Ao ouvir a chamada para o embarque, ocupou seu lugar na fila rapidamente. Era um dos primeiros. Queria encontrar logo o seu assento e evitar aquela confusão tradicional de acomodação de bagagens de mão. Era um camarada discreto, na dele, e esperava de seu "companheiro de viagem" no assento ao lado apenas o mesmo. Já dera muito azar em viagens passadas.


Após apresentada a documentação requisitada, Olavo adentrou a aeronave da British Airways e se dirigiu ao seu assento. Retirou de sua mochila o livro que seria sua companhia pelas próximas horas e a colocou no compartimento acima da sua cabeça. O livro era "Os Senhores do Arco", segundo volume da série "O Conquistador", do autor britânico Conn Iggulden; série que narra a trajetória do grande Genghis Khan. Assim como o grande líder mongol, ele queria conquistar o mundo. Não militarmente, mas culturalmente. E aquelas andanças sempre o deixavam com o espírito renovado.



2 - ZORANA
 
(Trilha sugerida: Berlin, Snow Patrol)
Os minutos passavam demoradamente, com Olavo já acomodado em sua poltrona, quando chegou seu "companheiro de viagem". Na verdade, era uma companheira. Jovem, bonita, com cara de gringa. Ele a cumprimentou polidamente, e pegou seu fone de ouvido. Antes que ele o colocasse, a moça se apresentou. Era ucraniana, e se chamava Zorana. Ele gostou da simpatia da moça, e quis estender um pouco a conversa com aquela bela mulher. Ele a perguntou o que significava aquele nome. Ela respondeu com forte sotaque, "Made of gold". Ele viu que deveria ser verdade.

Ela riu de seu interesse e de sua reação. Olavo, percebendo a diversão da garota, imaginou que deveria estar com uma bela cara de idiota, a fitando. Balançou a cabeça para afastar a expressão e também riu. Ela retornou a pergunta, sobre qual era seu nome, e o que significava. Ele disse-lhe, "Olavo, it means survivor". Ela o olhou matreiramente, e disse, "So i think it's a good thing to travel beside you, isn't it?". Ele pensou que aquela viagem estava começando bem demais para ser verdade.

***

Mais algumas palavras foram trocadas com a simpática moça, enquanto esperavam o preparo da tripulação para a decolagem. E quando ela ficou imersa em seus próprios afazeres pessoais, plugou seu fone de ouvido e começou a avaliar as opções musicais.

Se deparou com um disco de uma banda que se apresentaria no festival ao qual ele estava rumando: Snow Patrol. Achou que, além do aquecimento para o show que a audição o proporcionaria, o repertório tranquilo dos músicos de Belfast amenizaria a tensão da decolagem. Ele não era muito afeito àquele tipo de emoção. E quando o momento chegou, estavam sendo executados os familiares acordes da tensamente bela Berlin.

E foi com essa trilha, olhando os pontos de luz que iam se distanciando lá em baixo, que ele viu a última decolagem daquele avião.

***

A viagem prosseguia normalmente, sem sustos. Foi servido um jantar, e, após, o avião prosseguia em silêncio, com o sono dos passageiros. Quase trezentas pessoas, entre passageiros e tripulação, estavam a bordo do Boeing 747-436.

Após algumas horas, Olavo acordou de um sono mal dormido. Ele considerava, não sem razão, dormir bem em avião uma tarefa semi-impossível. É claro que ele se referia à classe econômica, a única que conhecia. Assento de bacana é diferente.

Em seu headphone, o mesmo disco continuava tocando. Antes de seu sono breve, ele havia reprogramado o aparelho para tocá-lo novamente, e ele ia em seu repeat infinito. No momento, era tocada a música Lifening, onde o rapaz da banda falava daquilo que desejava da vida; todas coisas, simples. Desligou a música, acendeu sua luzinha solitária, e foi ler sobre as aventuras do "Soberano Supremo" mongol.

Zorana dormia ao seu lado. As janelas estavam fechadas, e mesmo que estivessem abertas, não se veria nada lá fora. Sobrevoavam o Oceano Atlântico. Era noite. Estavam a 10 mil metros do mar, e a uns 15 mil de seu fundo. Pensar nisso daria calafrios em qualquer um.

Foi quando o avião deu sua primeira tremida mais brusca. Não foi suficiente para tirar todos os pasageiros do sono, mas alguns acordaram, assustados, como sua companheira de viagem, que o olhava com uma inchada cara de sonolenta confusão. E então, veio outra.

A voz da comissária de bordo se fez ouvir no alto falante, solicitando que todos permanecessem em seus lugares, com o cinto de segurança afivelado. Segundo ela, o avião passava por uma região de alta turbulência.

Mas o estrondo que veio a seguir não se parecia muito com uma turbulência. Parecia que um caminhão sem freio havia colidido com a lateral do avião. Mas ao que tudo indicava, não era um caminhão. E ninguém sabia o que era.

Todos os passageiros estavam despertos. O avião continuava voando, aparentemente em linha reta, mas seu percurso não era tranquilo como antes. Ele tremia, e as pessoas também. Zorana, involuntariamente, segurou a mão de Olavo, e ele a olhou e viu espanto em seus olhos. "What's going on?", ela perguntou, ao que ele contou a ela sua mais inofensiva mentira: "Don't worry, it's gonna be okay".

A tremedeira do avião foi aumentando gradativamente, e algumas pessoas começaram a perder o controle. Um menino chorava, uma senhora rezava, um homem tentava acalmar sua mulher... Olavo, que segurava a mão de sua recém conhecida, olhou para o outro lado da cabine, e viu um casal idoso, com cara inglesa, que fazia o mesmo, de mãos dadas. A senhora não mostrava medo, mas sim uma espécie de conformidade com o que se passava e agradecimento pela vida. Um sorriso triste estava desenhado em seus lábios. O senhor apenas a fitava, com uma cara de que, "se estou com você, está tudo bem". Pode parecer estranho, em meio ao pânico crescente, mas ele se emocionou com a singela beleza da cena e sorriu.

Zorana, sem entender, o olhou, com cara de quem pensa que ele havia enlouquecido. Ele a olhou com ternura e deu-lhe um beijo. Ela não esparava por aquilo, mas não o rejeitou. Se afastou e a encarou novamente. "I'll take care of you", ele disse, e uma lágrima silenciosa se escorreu pelo canto do seu olho direito. Ela era linda, e ele se emocionou mais uma vez. Chorou sorrindo.

Mas aí, um novo estrondo, como o anterior, se fez ouvir, e tudo o que se seguiu foi loucura.

***

O avião parecia totalmente fora de controle. Com seu enorme peso, ele começava o que parecia uma curva para a esquerda, depois para a direita, infinitamente. Não tinha estabilidade nenhuma. Seu peso tornava o início do declínio lento, depois forte, e quem quer que estivesse no comando travava uma briga árdua com a força bruta daquele gigante de aço solto no ar.

As pessoas choravam, gritavam, chacoalhavam em suas poltronas. Uma brasileira gritava um "Pai Nosso" que parecia mais causar pânico em quem estava por perto do que acalmar. Um homem de turbante gritava uma reza em uma língua árabe. Olavo estava apavorado, mas Zorana se tornou uma missão que o tirou um pouco daquele pandemônio.

A moça chorava copiosamente, e falava coisas em seu idioma de origem. Olavo mandou o inglês pro espaço e sussurava em seu ouvido palavras em português, abraçado a ela. "Fica bem, vamos ficar bem". Mas no fundo, ele não acreditava nisso. Esperava pelo impacto, e no fundo da sua consciência e razão, esperava que, quando viesse, fosse rápido.

Com o avião em stall, e nenhuma visibilidade nas janelas, ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. A sensação não indicava uma subida, ou uma queda. Parecia apenas um brinquedo de parque de diversões feito para chacoalhar e testar os limites do corpo humano. E naquele ponto, o corpo humano estava cedendo. O cheiro da cabine indicava isso.

E então, o mar chegou.

***

A primeira parte da aeronave que bateu na água foi a traseira. Ela caiu com o nariz apontado pra cima, enquanto os pilotos brigavam para mantê-la voando reto até o pouso forçado na água. Não adiantou muita coisa. Com o impacto, a parte traseira do avião lambeu a água por alguns metros e acabou se partindo do resto da aeronave. Com isso, as pessoas que estavam assentadas nas últimas poltronas foram logo lançadas na água. Foi o caso de Olavo. Ele havia visto em um programa de TV, Desastres Aéreos, que as chances de sobrevivência são maiores quando se assenta na parte traseira da aeronave, e sempre seguiu o conselho.

A água logo tomou conta da pequena fração da cabine partida, e os poucos passageiros que não estavam mutilados e ainda mantinham a consciência brigavam com os seus cintos de segurança. Olavo conseguiu milagrosamente passar ileso pelo impacto e se soltou, enquanto a água dominava o espaço. Após, soltou Zorana de sua poltrona e lutaram juntos para sair da cápsula que afundava e pretendia levá-los para conhecer as pronfudezas do oceano. Em meio a toda a confusão, eles nadavam como loucos para contornar a abertura da cabine, embicada para baixo e descendo. Por fim, conseguiram se livrar do que seria seus túmulos.

Enquanto nadavam desesperadamente rumo à superfície, com Zorana apavorada agarrando Olavo e o atrapalhando em sua subida, a noite virou dia no oceano. De dentro d'água, viram a explosão do avião, metros à frente. O fogo encheu a água de luz e fez com que uma forte corrente os levasse para longe de onde estavam. Isso os ajudou a alcançar a superfície mais facilmente.

Aliviados com a volta do ar aos pulmões, eles se abraçaram na água, chorando, brigando para se manterem flutuando. O ambiente era inóspito, e, com a extinção do fogo, a escuridão tomava conta. A noite era um breu sem fim. E no meio de todo esse cenário, eles precisavam manter a mente lívida e encontrar algo que boiasse para mantê-los vivos.

***

Após nadarem ao redor da área de colisão, avistaram uma poltrona do avião, que flutuava na água. Olavo puxou a poltrona e viu que, afivelado a ela debaixo d'água, havia o corpo de uma mulher. O corpo terminava nos joelhos, e o sangue se espalhava ao redor. Zorana se desesperou e começou a nadar para longe. Olavo achou que era um bom negócio.

Ele soltou o cadáver da mulher e nadou em direção à sua companheira sobrevivente, puxando a poltrona. Queria encontrar outra, mas nada havia ao redor. A vida inteira ele havia sentido uma certa fobia do mar. Essa coisa de ficar flutuando na água, com um verdadeiro abismo abaixo, sem saber que tipo de monstruosidade pode aparecer a qualquer momento... não é fácil, realmente. Mas ali, não havia alternativa. Então, o jeito seria tentar se manter tranquilo e sobreviver o máximo possível.

Zorana chorava, agarrada à poltrona, e o perguntava, "What we gonna do?". "We have to stay alive, they'll find us", ele respondeu, tentando tranquilizá-la. Ele sabia que, mesmo que fossem encontrados, teriam que sobreviver por um longo tempo. Acima de tudo, ele sabia que, até que as forças se esvaíssem de seus corpos, eles teriam que lutar contra a fome, o frio, a sede, o esforço de se manter acima da superfície... tudo jogava contra eles.

Também não era fácil manter a sanidade.

"I don't wanna be a burden for you... sorry", ela disse, entre lágrimas, e ele prontamente respondeu, "You're not a burden. You're my salvation. You're keeping me alive. We gonna live. Listen to me! We gotta be strong." Ele sabia que teria que ser forte pelos dois. E para ser forte pelos dois, deixou que a garota ficasse com a poltrona. Ela chorava, puxando a poltrona com um braço, e o pescoço de Olavo com o outro.

"I think i broke my ankle, my leg, or something. Its's hurting a lot.", disse Zorana. Olavo se deu conta de que ele nem mesmo sabia se estava ferido ou não, pois o cérebro ainda não havia tido tempo de se preocupar com isso. Mas tudo parecia bem com ele. "Your leg is fine. You were able to swim with it, so it's fine", ele respondeu. Ela não acreditou, mas apreciou o seu incentivo assim mesmo.

Ela se agarrava à sua precária boia, enquanto ele tentava boiar, para evitar que a fadiga o derrubasse, segurando-se nela, para que não se perdessem. E assim ficaram, noite adentro, por vezes revezando enquanto ela cedia-lhe, com muita insistência, o seu lugar. O frio enrigecia os músculos de seus corpos, e suas vidas estavam dançando no fio da navalha. Tentavam conversar, para espantar o medo e o tempo, mas a perplexidade da situação roubava-lhes as palavras. E Zorana, exausta, aos poucos começava a ceder.

A garota tremia enlouquecidamente, sendo a batida de seus dentes, uns contra os outros, a solitária sonoplastia da noite. Sua pele estava mais branca do que nunca, e as forças lhe faltavam até mesmo para se manter agarrada à poltrona de assento flutuante. Olavo, notando, com o desespero de quem está prestes a ficar sozinho no meio do oceano, que sua amiga estava entregando os pontos, a abraçou e se apegou à boia com ela. Não que isso tenha facilitado a situação dela, mas a trouxe conforto, e aquele foi um minuto de paz em meio à tempestade que viviam.

Nenhum vestígio do acidente restava. Apenas eles e aquela poltrona. O resto, era água por todos os lados, até onde a vista alcançava, e o céu negro e estrelado acima. A lua era um fiapo no céu. Lua nova.

Zorana, que estava sonolenta, grogue, custando para manter os olhos abertos, com muito esforço proferiu as últimas palavras que o mundo ouviu de sua boca: "Are you a saint?".

E foi assim, nestes poucos instantes de paz, que ela se despediu desse mundo, escorregando suas mãos da poltrona e dos braços de seu bem intencionado mas incapacitado protetor, que nada podia fazer para tirá-la daquela situação. A vida se esvaziu de seu corpo como a mais singela pétala que cai de uma flor. E, mais do que nunca, o silêncio se fez no Atlântico. Olavo sabia que sua hora também estava próxima, e do fundo do coração, torceu para que realmente estivesse.


3 - A BALEIA AZUL
 
(Trilha sugerida: A Baleia Azul, Eduardo Ladeira)


Olavo estava à deriva há um bom tempo. Com a morte de Zorana, ele sentia que nada mais havia a fazer. Aceitava o seu destino. Dessa forma, boiava nas ondas que vinham. Vagava pelo Atlântico negro. Foi quando ouviu o som.

O som era um "apito" grave e profundo. Enquanto ele boiava, com os ouvidos dentro d'água e os olhos fitando as estrelas que já cediam ao lento amanhecer, ele ouviu e acordou de seu transe. Pulou na água como que saindo de um estágio hipnótico. "Um navio", ele pensou. "Ei!", começou a gritar e espadanar na água, afogando seus prórpios gritos. Porém, por mais que olhasse ao redor, nada via. E, então, ouviu de novo.

"Uóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóónnnn..."

O barulho era ensurdecedor, e vinha de baixo. De longe. Era algo monstruoso que fazia tremer as águas do silencioso Atlântico com seu som.

Olavo sentiu o movimento da água ao redor, e todos os seus pesadelos marinhos retornaram em turbilhão à sua mente. "Que diabrura é essa?!", ele gritou consigo mesmo. Algo o impulsionava um pouco mais adiante, e seu desespero aumentava, fazendo-o nadar desengoçadamente, engolindo água e afogando. Imaginou-se abocanhado por um tubarão branco, abraçado por um polvo gigante, apanhado por uma lula (Lá?)... Mas agora, algo totalmente diferente acontecia. Hipnotizado, ele observava, enquanto acreditava que uma nave extraterrestre, ou um submarino militar americano, submergia da água. Em meio à sua loucura, imaginou-se sendo levado à famigerada Área 51, onde fariam experimentos com ele. Mas a enorme e comprida mancha clara que ficava cada vez mais nítida embaixo de si, não era nada disso.

A mancha clara subiu à superfície, enquanto Olavo observava com seu espanto hipnótico, até que sentiu a pele "emborrachada" contra a sua. Quando ainda tentava se apegar a um mínimo de sensatez em sua cabeça, foi erguido além da água, deitado em uma enorme plataforma de pele. Observando o espiráculo duplo se abrir e ejetar seu chafariz, Olavo se deu conta de que estava no dorso de uma baleia azul.

***

Inicialmente, Olavo teve a clara percepção de que seus pesadelos marinhos haviam se concretizado, e que, ao invés de ser vencido pela fadiga do corpo e as condições naturais do ambiente, sua morte seria lenta e dolorosa, devorado por um monstro. No entanto, ao invés de abocanhá-lo e levá-lo para as profundezas, a baleia ficava simplesmente parada, boiando, mantendo Olavo acima da água. Assustado, em choque, sua mente trabalhava a mil, mas o corpo descansava do esforço e do frio. E assim ficaram por alguns minutos.

Olavo foi se acalmando com o tempo, observando os lentos movimentos da baleia, que o faziam dançar sobre as águas do Atlântico. Vez por outra, sua boca se inflava, se tornando uma bola enorme, e ia se esvaziando aos poucos. Ele supunha que a baleia estava se alimentando, e aquilo lhe trouxe a lembrança de que uma hora ele também teria que se alimentar, se quisesse viver.

Quando começava a se acostumar com sua nova companheira e seu comportamento dócil, a baleia lentamente o abaixou de volta à água e sua cauda a impulsionou à frente. Olavo viu toda a extensão de seu imenso e esguio corpo passar debaixo de si, e depois, com um ágil movimento da cauda, submergir em direção ao Infinito Escuro do Mar.

Viu-se novamente só, apavorado, e lutando contra a água. Mas, minutos após, a baleia retornou, e repetiu o que havia feito antes, enquanto o sol subia ao céu e começava a castigá-lo com seus raios.

O que era antes frio, agora se tornava quente demais. Olavo se deu conta de que o sol seria mais um inimigo que colocaria em prova a sua sobrevivência, e a situação o fez se lembrar da passagem do livro que lia sobre Genghis Khan, em sua andança pelo deserto até o Reino Xixia. Muito frio à noite, muito calor durante o dia. Sua pele queimaria e congelaria. Por quanto tempo poderia aguentar assim, agravado pela falta de água para beber e comida?

Apesar de todas as intempéries, a baleia parecia cuidar dele. Às vezes ia, mas sempre voltava. E mesmo sem perceber, ou entender para onde, Olavo estava se movendo. O movimento lento e contínuo da baleia o fazia migrar nas águas do oceano.

***

Na rotina dos movimentos da baleia, as horas se passavam e Olavo vencia o dia. Ele falava com a baleia incessantemente, o que o fez se lembrar de Tom Hanks no filme O Náufrago e seu inseparável amigo Wilson. Deu à baleia o nome de Sheshnag, que no hinduísmo era um ser divino que carregava o deus Vishnu pelas águas. Sheshnag era seu deus. Salvava a sua vida, que há muito já teria o deixado sem a ajuda da baleia.

E então, quando o sol já quase tocava o limite da água no horizonte, ele soube que passaria por mais uma prova, ao avistar barbatanas de tubarões na água. Uma, depois outra, depois outra... até que se somavam em um considerável cardume de tubarões-azuis. Eram como enormes facas apontadas para fora d'água, e fez o seu sangue mais do que nunca congelar com o desespero crescente.

***

Sheshnag deixou Olavo na água e mergulhou seu corpo, mantendo sua posição e sacudindo sua cauda para um lado e para o outro, na tentativa de manter os tubarões afastados. Eles pareciam dispostos a vir cada vez mais para perto da sua presa, e Olavo ouviu novamente o canto da baleia. Imaginou que o som era para afugentar os tubarões, mas o tempo indicou que não.

Os tubarões se aventuravam ao redor da baleia, enquanto Olavo lutava contra o próprio pânico para se manter acima da superfície. O corpo cansado e queimado era cada vez mais difícil de controlar, e o esforço era um sacrifício que ele só conseguia vencer pelo excesso de adrenalina despejado no seu sistema circulatório.

O nado ágil e determinado dos tubarões-azuis tornava a batalha mais intensa a cada segundo, até que o ataque se concretizou efetivamente, quando um tubarão mordeu a pele de Sheshnag, fazendo a baleia soltar seu urro ensurdecedor.

E quando Olavo sentia que estava prestes a ser devorado pelos tubarões, ele entendeu o chamado da baleia. De todos os lados, surgiam caudas de baleias azuis nadando na direção do confronto. Os sons se somavam, tornando o mar uma massa sonora grave, fazendo os tubarões exitarem em seu feroz ataque. O cardume se afastou um pouco de Sheshnag, que se sacudia em lenta fúria, voltando a apenas rodear a baleia e seu protegido.

Após poucos minutos, o cardume de tubarões estava completamente cercado pelas insatisfeitas baleias, que seguiam avançando, e, assustados, os tubarões nadaram para o fundo, rompendo o cerco, e desapareceram no oceano. Olavo, por mais uma incontável vez naquela viagem, chorou. As forças o abandonaram de vez, e ele começou a afundar, com a exaustão o levando à semiconsciência.

Mais uma vez, quando Olavo ameaçava entregar os pontos, Sheshnag o resgatou à superfície. Seu dorso foi sua cama, no anoitecer que caía sobre o Atlântico, enquanto preguiçosas baleias vagavam ao redor.

***

Olavo era constantemente lançado à água, o que o fazia acordar o tempo inteiro. Porém, a nescessidade de descanso do seu corpo era tão intensa que ele mal se dava conta do que fazia ao boiar na água. E logo era içado para a superfície novamente. Ele não mais sabia se era a mesma baleia ou não. Sheshnag se tornara seu deus, e todas eram um só ser. Todas o haviam salvado da morte certa e cruel ofertada pelos tubarões.

Apesar de toda a loucura da situação, o que ele menos compreendia era o fato de que o homem é o predador da baleia. É aquele que está quase levando a baleia azul à extinção. Por que elas o pagavam com a vida?

Em meio a um turbilhão de pensamentos, e mesmo com a inconstância do sono que só era possível pelo auxílio das baleias, ele conseguiu que seu corpo estivesse em condições mínimas de lutar mais um dia pela sobrevivência.

***

Quando o céu começou a clarear, com o sol despontando no horizonte alaranjado, ele se deu conta de que aquele poderia ser o mais belo amanhecer de todos da sua vida, se não fosse por seu corpo faminto, sedento, e machucado pelo sol, pelo sal, pelo frio. Seus músculos doíam e sua pele estava em brasa. Não havia um lugar sequer que se encostasse que não ardia profundamente. O roçar de suas roupas grudadas pioravam a situação, mas ele não arriscaria tirá-las, acabando com sua proteção mínima.

Já faziam cerca de trinta horas que ele estava na água, e nem um mísero navio foi avistado. Nem mesmo um avião ele viu sobrevoar. Sabia, também, que estava longe da área do acidente. Que as baleias o haviam carregado adiante. Sabia que, mesmo que encontrassem destroços da aeronave, sua sobrevivência jamais seria descoberta pela equipe de resgate.

No entanto, o sentimento que nutria por aquelas baleias que o haviam adotado não o deixava perder a esperança. Ele devia isso a elas. Tinha que acreditar. Imerso nesses pensamentos, ele se lembrou de suas idas aos jogos de seu time de coração, nos quais a Massa gritava "Eu acredito!" nos momentos mais incertos. E tinha valido a pena. Ele sorriu, e começou a invocar o cântico a plenos pulmões, enquanto o sorriso se transformava em uma histérica gargalhada, fazendo-o engolir água. E assim, as baleias nadavam e o carregavam para longe.


4 - SORO
 
Cada vez mais, Olavo percebia o movimento. No início era mais difícil, pois a falta de referência visual, aliada à lentidão do nado da baleia, tornavam quase imperceptível o movimento. Mas ele sabia que era levado a algum lugar. Temeu que mais aventuras como a do dia anterior pudessem lhe pegar de surpresa. Mas a surpresa para ele foi outra.

***

Enquanto a manhã monótona avançava, Olavo se movia com as baleias. Por vezes nadava, por vezes se deixava levar. Passado o desespero inicial, ele passou a apreciar a companhia delas. Amava aqueles animais. Mesmo sabendo que estava lançado a uma morte lenta e certa, ele entendeu o seu destino e se dedicou a tentar desfrutar daqueles ultimos momentos em que ainda possuía energia para sentir a beleza da vida em suas mais diversas manifestações.

Até que, em um momento em que ele descansava deitado de barriga para cima no dorso de Sheshnag, com o rosto virado para o céu e os olhos fechado, ele ouviu. Bem ao fundo, longe. Pensou ser um truque da sua mente, quando o vento levou o som embora de seus ouvidos. E então, ouviu de novo. E agora, com um pouco mais de nitidez. Era uma hélice. Só podia ser uma hélice.

Olavo começou a rir novamente, enquanto uma lágrima se formava no canto do seu olho. Seu cérebro mandava que ele se levantase, pulasse, gritasse agitando os braços. Mas seu coração dizia-lhe que não deveria ter esperanças, que ele não aguentaria o baque de descobrir que o som não se passara de um truque do seu subconsciente. Ele optou pelo meio termo; abriu os olhos desconfiadamente, imóvel.

Ele teria que se virar para olhar em direção ao som. Forçou a cabeça contra o corpo da baleia, enxergando o lado oposto de cabeça para baixo. E então viu aquele pequeno mosquito barulhento sobrevoando o céu do Atlântico. Era um helicóptero.

***

A equipe de resgates havia saído do aeroporto de Angra do Heroísmo, cidade localizada nos Açores, rumo à região em que estimava-se que poderia ter ocorrido a queda da aeronave. Nada era certo, mas para gente do ramo, como os militares que realizavam aquela operação, era certo que o destino do voo havia sido trágico, e que a localização dos destroços do avião seria um pouco além de onde a comunicação aflita do piloto com a terra firme havia sido perdida. No entanto, não haviam tido sucesso nas buscas e retornavam para a base, de onde uma outra equipe partiria no turno da tarde.

Porém, quando já haviam percorrido boa parte do caminho de volta, notaram o grupo de baleias que nadava na mesma direção que eles, rumo aos Açores. O piloto voou por sobre o grupo e depois deu a volta, parando no ar à sua frente, curioso. Foi quando um dos militares visualizou através de sua luneta uma figura minúscula em cima de uma imensa baleia de quase trinta metros de comprimento, agitando os braços enlouquecidamente.

"Ei, chefe, tem alguma coisa ali!", gritou o militar para seu superior, que prontamente pegou sua luneta e também viu a figura estranha na água. "Aproxime, piloto! Tem alguma coisa na água!".

O piloto dirigiu o helicóptero rumo ao grupo de baleias, baixando a altitude da aeronave. Quando estavam próximos o bastante, o superior olhou novamente pela luneta e viu nitidamente o ser maltrapilho que se debatia copiosamente no dorso da baleia.

O superior deu a ordem, e o piloto posicionou o helicóptero de acordo com que um militar pudesse descer em uma corda para fazer o resgate. O superior não acreditava que o homem que se achava na água pudesse ser um sobrevivente do acidente aéreo. Estavam muito longe da sua área de possível localização. No entanto, nunca havia visto ninguém cavalgar uma baleia em pleno oceano selvagem antes. Parecia coisa de mitologia.

O militar responsável efetivamente pelo resgate do homem na água desceu pela corda, e, aproximando-se cada vez mais, notou o estado cadavérico da figura que lá estava. Mas se era um cadáver, era um cadáver que ria e chorava como um louco. Ele não queria descer sobre a baleia. O medo da situação o dominou e paralisou, com as mãos estendidas ao rapaz, longe demais para serem alcançadas. Foi quando ouviu a voz do jovem homem pela primeira vez. "Ela é minha amiga. Pode vir que ela é minha amiga. Ela é Sheshnag, e eu quero me casar com ela. Se for uma fêmea, é claro. Se não for, já pensou o tamanho que deve ser?", e começou a gargalhar descontroladamente. Sem mais ter o que fazer naquela situação, o militar desceu até o populoso dorso da baleia azul e disse em seu forte sotaque do português dos Açores, "Fique calmo que eu vou prender você a mim e vamos subir para a aeronave". Aquilo soou como música nos ouvidos de Olavo.

Os dois subiram juntos, e Olavo olhava sua ascensão como se seu corpo tivesse ficado na água e sua alma subisse ao além. Enquanto se afastava da água e chegava ao helicóptero, ele olhou para baixo, superando todos os seus medos, olhando o mar à distância embaixo. Sheshnag estava lá. A baleia se mantinha parada embaixo de onde Olavo subia, enquanto as outras vagavam ao redor. Uma lágrima escorreu do seu olho e caiu em direção à baleia, e antes que os militares pudessem puxá-lo para dentro do helicóptero, ele se dirigiu uma última vez à sua salvadora baleia, reverberando as palavras de Zorana: "Are you a saint?".

domingo, 30 de março de 2014

A música de André Burian

Alô alô, pessoal!

Hoje venho com muita satisfação falar do trabalho de um artista por quem nutro grande admiração: André Burian, a quem sempre me refiro como Mestre André.
 
Conheci o seu trabalho bem novo, através do meu pai, o artista plástico Fernando Pacheco - já falei dele e da nossa relação musical aqui, meu parceiro em letras como "Fui!", que está no arquivo do blog.

Meu primeiro contato com a obra de André Burian foi por meio de um catálogo de fotos em que ele fazia intervenções em ambientes naturais onde haviam corpos de animais em decomposição. Um trabalho bem forte, que não tinha como passar por ele despercebido. E aquilo despertou a minha curiosidade para o autor. O trabalho era muito forte, corajoso e rebelde.

A partir daí, fui conhecer seu trabalho enquanto artista plástico. E seus quadros seguiam na mesma linha das fotografias; muita personalidade e força. Um trabalho que não é feito pra enfeitar ambiente. Arte pura.

Minha curiosidade foi aguçada de tal forma, com admiração crescente, que, quando da produção do segundo disco da banda Lobos de Calla, o procurei para que trabalhasse na concepção gráfica do disco, e o trabalho ficou excepcional. Toda a parte de fotografia do disco é sua obra, tornando o disco ainda mais especial para mim.

Essa é a foto que se tornou capa do disco:

 

O artista também se destaca por seu trabalho de intervenção em fotografias, tendo lançado recentemente mais um livro, "André Burian no Aglomerado".

A título de exemplo, veja intervenção que ele fez em fotografia minha:


Mas você deve estar se perguntando: este blog não é de música? Sim, e é aí onde quero chegar; ele também vem trabalhando no campo da criação musical.

Seguindo a linha de forte personalidade que o acompanha em toda a sua trajetória, suas músicas complementam esse trabalho artístico multifacetado. O artista, que sempre editou e produziu seus próprios livros, também o faz com suas músicas. Assim como faço com as minhas, ele compõe e grava tudo por sua conta, em casa.

E o resultado não visa agradar rádio, tevê, ou tendência. É música por música. Olho por olho, dente por dente, arte por arte. Nua e crua.

Como exemplo do trabalho que vem realizando, segue vídeo clipe de música sua:


Então, é isso! Quem quiser ouvir mais músicas do Mestre André, entra no perfil no Palco MP3 do cabra: http://palcomp3.com/andreburian/. Pelo que ele tem me dito, sua intenção é sair do campo exclusivamente virtual e executar suas músicas ao vivo, com banda. Eu já me candidatei a uma vaga no projeto!

Grande abraço!