quinta-feira, 9 de junho de 2016

Conheça esse som - Alpercata

Alô alô, pessoal!
 
A missão de hoje é apresentar a vocês a banda Alpercata, caso ainda não a conheçam.
 
O trabalho em pauta se chama "Vela Aberta", que esbanja talento, musicalidade e bom gosto. Um baita disco, que foi concebido no estúdio Minério de Ferro, referência aqui em Belo Horizonte/MG.
 
Ao invés de tentar ficar encontrando novas palavras, vou me valer da resenha do meu amigo e parceiro de Lobos de Calla, Diego Mancini. E o camarada tem propriedade para falar, pois afinal, além do talento nato, é músico e compositor formado na Los Angeles Music Academy. Se liga no que o moço disse sobre o trabalho da Alpercata:
 
"Semana passada, o Projeto Alpercata lançou seu EP “Vela Aberta” no Cine Brasil Vallourec, em Belo Horizonte. Escutando o CD no trajeto de volta pra casa, me peguei pensando sobre o que dizer aos amigos da banda sobre o show.
 
Antes de pensar na resenha, uma amiga pediu recomendações de bandas que poderiam tocar num evento “chique” na empresa onde ela trabalha. Imediatamente indiquei o Alpercata. E ela perguntou “mas eles não são populares demais?” E meu primeiro pensamento foi, sim, eles são populares. Mas populares em que sentido? Eles serão abraçados pelas massas de ouvintes que lotam os shows de pseudo-artistas da atualidade? Entrarão na programação de grandes rádios, entre anúncios de festivais de sertanejo? Não sei. Mas a Alpercata é um reflexo de como a juventude musical do Brasil enxerga sua música.
 
Composta por músicos talentosíssimos e de extremo bom gosto, a banda apresenta, em apenas 5 canções, todos os traços da música brasileira dos últimos 50 anos. Desde o samba-canção, passando pelo ijexá e maracatu, com diversas homenagens à mineiridade inerente a todos os membros do grupo, praticamente tudo que foi experimentado e que se sedimentou como referências do que pode ser chamado de Música do Brasil aparece no trabalho.
 
Como não se derreter com as vozes (maestralmente orquestradas por Marcos Ruffato, que ainda toca violão de 7 cordas, bandolim e canta) que atuam como instrumentos distintos, não apenas acompanhando a cama fornecida pela banda, mas acrescentando uma nova camada de complexidade à trama delicada de músicas como “Folia de trovador”? As vozes de Sofia Cupertino e Octávio Cardozzo são cortantes, pugentes e funcionam como cores complementares. Um azul e verde que juntos criam o mais perfeito amarelo. As cordas apresentam a agradável surpresa de Camila Rocha (cujo talento e requinte são inversamente proporcionais à sua estatura) no baixo, com linhas seguras, criativas e extremamente maduras, que casam perfeitamente com a bateria madura de Pedro Alves (um dos bateristas mais sólidos da nova leva a sair de BH). Aliados à essa turma ainda estão Talles Bibiano na percussão, tão gente boa quanto é bom músico, Miguel Praça no trombone (instrumento esse que pra mim é tão essencial para um bom samba quanto um tamborim) e Pedro Santos no violão, que ainda compôs a maravilhosa pedrada “Falou o Cidadão”, presente no EP.
 
Falar sobre as músicas, trabalhos autorais de altíssimo nível, demoraria algumas laudas. Mas preciso ressaltar “Baião de um”, com um ar marroquino misturado com Pedro Luiz e A Parede e a faixa título, “Vela Aberta”, que parece um abraço de mãe depois de uma noite ao relento.
 
O único ponto negativo do trabalho é ser tão curto. As 5 faixas são uma minúscula amostra do tamanho do talento desse pessoal e cada música vaza conhecimento, sensibilidade e carinho que simplesmente não condizem com a idade dos integrantes. Ou talvez faça sentido que esse grupo de almas velhas tenha se encontrado pra dar vazão a algo que já estava pairando pelo inconsciente coletivo brasileiro desde à Tropicália: Música Brasileira de qualidade e verdadeira."
 
Para molhar a palavra, vou deixar aqui link com o trabalho em questão, na íntegra. Ouve aí, bicho!
 
Abraço!