sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Rap e Texto - Independência ou Morte?

7 de Setembro.
 
E após todos esses anos, o que temos, afinal? Independência ou morte?
 
Independência no país em que se precisa do Estado pra quase tudo e não se recebe quase nada? Independência no país em que o governo mantém domado o seu eleitor dando papinha na boquinha, quando o sujeito deveria e poderia correr atrás do seu pão com as suas próprias pernas?
 
Independência de quem, afinal?
 
No Brasil, a classe média nunca teve tanto dinheiro, e nunca gastou tão mal. Afinal de contas, quem nunca comeu doce, quando come se lambuza. Enquanto se paga o que se pede, a inflação do consumo cresce. Tudo é sempre mais caro. Sempre me falam, "lei da oferta e procura, amigo". Eu já acho que é a lei do esperto e do bobo. E, para mim, ambos estão errados.
 
No Brasil, uma determinada organização sindical pára o país com greve, reivindicando melhores condições para os trabalhadores, valorização do trabalho. Então, por que será que estou tendo que recorrer à justiça pra receber cachê da regional mineira dessa mesma organização? Seriam esses atos de heroísmo popular mera politicagem, ou será que é algo genuíno, e o cheque sem fundo que me deram, apenas um equívoco?
 
Aliás, receber cachê por aqui é uma luta. Você cumpre sua obrigação, mas o retorno é sempre complicado. Porque o cara é ensinado a ser malandro, a levar vantagem sempre. Inventaram até um nome para isso: "jeitinho brasileiro" Olha, que beleza!
 
Então, se levar vantagem no dia-a-dia é cultural, por que quem está no governo não levará? Afinal, levar vantagem não é só receber mensalão. É furar fila. É ser mal educado no trânsito. É ser espaçoso no ambiente social. Todo esse comportamento é "dar uma banana" para o próximo e para o que é comum a todos. Então, para aqueles que pretendem e devem se manifestar quando chegar a famigerada Copa de 2014, saibam que a revolução é muito maior do que você imagina. É cultural. É educacional.
 
E da mídia, somos independentes? Sim?
 
Então, por que essa inversão de valores que vemos no cenário cultural do país? Sempre tivemos tantos ícones monstruosos na música, quando o que valia era o talento. Hoje, temos bonecos estereotipados, onde não se conta o talento, mas sim, se o elemento aceita ou não a regra do jogo. O sujeito é obrigado a cortar o cabelo com um topete, usar uma calça socada, fazer uma música em que ele é o malandrão "apaixonado", colocar obrigatoriamente o termo "balada", e fazer referência a alguma coisa que tenha a ver com rede social, porque é "o que o mercado pede". E quem cria esse mercado do mau gosto? Chuta?!
 
O cara que se adequa a mercado jamais pode se chamar de artista. Mas por aqui, até ex-participante de reality show é chamado de artista. Então, a realidade é mesmo cruel.
 
Enquanto isso, no "submundo" da internet - única mídia ainda democrática do nosso tempo, gente que não se vende ao mundo da "música que toca na novela das 8" e que tem qualidade, continua com seu trabalho de respeito, de coração, de alma, DE VERDADE. Mas esses caras, infelizmente, nunca serão vistos na televisão domingo a tarde, nunca serão tendência de moda teen, nunca serão multimilionários, nem famosos. Sabe por que? Porque eles têm personalidade. Eles não aceitam as regras do jogo. Eles fazem o próprio jogo. Em um outro tempo, em que um garoto de 12 anos queria ser igual ao Keith Richards, a coisa era diferente. Hoje, a garotada quer ser igual ao Luan Santana. Aí, fica difícil.
 
Então, para você que, assim como eu, poderia ser um cidadão muito melhor para o seu país, mas que tem consciência e quer cada vez mais ser INDEPENDENTE de toda a palhaçada que lhe é imposta, eu deixo aqui esse rap.
 
Saudações!

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